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Personagens 

O amor nem sempre é tão fácil como imaginamos. Apesar das alegrias e de todo o carinho existente no começo de qualquer relação, existe o outro lado da moeda: as desilusões que ela pode trazer. Este espaço do webdocumentário é dedicado ao depoimento de pessoas que já passaram pelas várias fases de uma relação - algumas delas, inclusive, pela do divórcio. Abaixo, Mariana, Cenira, Antônio, Onesia, Amanda e Rosemary, contam como lidam com o desamor. 

Marina Chiarini

Marina Chiarini

Cerina Leoni

Cerina Leoni

Antônio Valério da Silva

Antônio Valério da Silva

Onesia Maciel Brasilino

Onesia Maciel Brasilino

Amanda Sousa

Amanda Sousa

Rosemary Trivelati

Rosemary Trivelati

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MARIANA CHIARINI

Por Alan Duenha

Aos 27 anos, Mariana Chiarini é uma fiel representante da tendência da nova geração em querer distância de relacionamentos sérios. Ela já observou de fora inúmeros namoros e casamentos desmoronarem repentinamente e não nega que tem medo do sofrimento que o desamor pode vir a lhe causar.

 

Alan: De onde vem a sua descrença quanto aos relacionamentos a dois?

Mariana: Na verdade, o que eu não acredito é nesse amor desmedido, por meio do qual você não consegue viver sem a pessoa. Esse amor pelo qual você se torna dependente estrito da pessoa para viver. Afinal, o que você fez em todos os anos em que essa pessoa não fazia parte da sua vida? Pra mim, você precisa de ar, água e comida para viver. 

 

A: Você teve experiências próprias que fracassaram ou observou experiências alheias irem por água abaixo de modo a te deixar ou te manter nesta postura cautelosa e desconfiada?

M: Sou filha de pais separados. Minha mãe chegou a brigar com a minha avó para ficar com o meu pai, eles se juntaram quando tinham 17 anos. Com 18, minha mãe engravidou. Com 19, eu já existia e aos 21 esse amor não existia mais. E hoje um não olha para a cara do outro. Agora pergunto era amor? Uma amiga minha também dizia sobre um rapaz: “Esse é o homem da minha vida, com ele eu vou casar, porque ele é maravilhoso etc. Realmente se casaram - eu fui madrinha - e durou um ano e meio.  Não compreendo as pessoas que viram e falam “você não entende sobre amor” ou então  “você fala isso porque nunca amou de verdade”. A minha resposta é apenas: “conte-me sobre seus outros oito amores eternos que antecederam a esse amor eterno”.

 

A: Você considera a sociedade capitalista como principal responsável pela superficialidade dos relacionamentos?

M: O amor hoje é algo extremamente comercial sim. O Dia dos Namorados vende mais que o Dia das Mães e tudo isso gera uma carência e uma necessidade comercial de se ter alguém. As pessoas geralmente confundem as coisas. Carência não é amor, carência é uma necessidade de ser o centro das atenções em determinados momentos. Eu não sofro de carência e talvez isso seja até um impasse nos meus relacionamentos, pois as pessoas se baseiam em relacionamentos passados e elas esperam que você também seja carente, dependente. E não é porque você não namora que você está sozinho.

 

A: O que você pensa sobre o romantismo e as atitudes ditas “fofas”? Acha que é possível um namoro ou casamento “sem mel”?

M: As pessoas super românticas criam expectativas exageradas pois idealizam no outro o seu “padrão Disney” de amor perfeito. Mas não, ninguém vai chegar no cavalo branco e cantar uma canção única dos dois, a qual só eles sabem a letra. Acho espetaculares surpresas, atos criativos, ações que quebrem a rotina do casal, coisas espontâneas durante o relacionamento, mas isso não quer dizer que 24 horas por dia você tem que ficar de “mimimi”, “momozim”, “xuxu”. Acho realmente possível casamento sem mel. É só olharmos os relacionamentos de 30, 40, 50 anos. Eles não tem esse mel o dia todo. Tem amor, mas não a idealização no próximo de um príncipe de desenho.

 
A: Os relacionamentos abertos são uma tendência moderna, que está se alastrando. Qual sua opinião a respeito?
M: Conheço pessoas que praticam o poliamor e que funcionam a princípio muito bem. Se todas as partes envolvidas então de acordo com a situação em que se encontram, por que não? Acho que é uma forma de relacionamento honesta, na qual você não ilude ou engana o próximo, acho muito mais digno do que acabar traindo o parceiro, que jure amor a um, e minta para estar com o outro.


A: E se aparecesse alguém que de fato balançasse com o seu emocional?

M: Eu assumo que tenho pavor de relacionamento. Morro de medo de me magoar e principalmente de perder a pessoa, pois tenho uma dificuldade gigante de lidar com perdas. Então com certeza eu tentaria fugir. Como dizem, “prenda-me se for capaz”.

 

 

CERINA LEONI

ANTÔNIO VALÉRIO DA SILVA

Por Débora Lopes

Por Débora Lopes

Cerina tem 48 anos e acaba de sair do primeiro relacionamento. O casamento de 27 anos terminou em meados de junho de 214. De acordo com Cerina, a relação só não acabou antes por conta da filha, Mariana. Certa de sua decisão, a professora engatou em um novo relacionamento dois meses depois da separação e afirma: "Meu amor pelo Valério acabou". 

Aos 61 anos de idade, Valério - como gosta de ser chamado - já passou por dois casamentos. Ambos terminados em divórcio. A primeira relação durou cerca de um ano e meio e deixou um filho como fruto da união. No segundo casamento, com Cerina Leoni, o amor durou mais tempo. Os dois permaneceram juntos por 27 anos. Depois de duas experiências amorosas, ele diz ainda acreditar no amor.

ONESIA MACIEL BRASILINO

Por Minéya Gimenes Fantim

Aos 48 anos de idade, Onesia Maciel Brasilino está divorciada há seis e, atualmente, vive com a filha de nove anos, Lorena, fruto do relacionamento. A assistente social, que teve um início de relação tranquilo e cheio de amor, jamais poderia imaginar a transformação que a mesma sofreria após o casamento. 

 

Minéya: Como você conhecer seu ex-marido e qual foi o caminho percorrido até o casamento?

Onesia: Eu e o meu ex-marido nos conhecemos, e nós namoramos durante cinco anos. Depois de cinco anos nós fomos morar juntos, por um período de um ano. Então, nós fizemos a experiência do casamento sem oficializar. Depois desse um ano, que foram um total de seis anos de convivência, nós resolvemos oficializar realmente. Então, nós nos casamos no civil e no religioso. E aí, o casamento em si, depois de oficializado, durou mais cinco anos.

 

M: Por que o relacionamento acabou?

O: Na verdade, nós vamos percebendo, no decorrer do tempo, da convivência, o que nós temos em comum. E quando soma uma grande parte de incompatibilidade, fica muito difícil de conviver. Isso por que uma vida está muito atrelada na outra, quando se fala de um casal. Mais do que nós imaginamos. Em todas as ações que vamos fazer, percebemos que dependemos do outro para podermos concretizar. Então, os meus projetos de vida, todos ficaram amarrados, já que o que era importante para mim não era importante para ele e vice-versa. E isso foi me trazendo uma angústia muito grande. Nós não nos encontrávamos nos nossos objetivos. Isso foi trazendo um desgaste, uma insatisfação. Eu sabia que eu estava infeliz e percebia que ele também estava. E foi aí que, depois de muitas conversas, eu decidi que era o momento em que eu não queria mais.

 

M: Como foi o processo de divórcio?

O: O processo foi litigioso. Ele não queria a separação. Nós tínhamos várias coisas juntas, em termos de bens materiais e negócios, que vieram à tona quando eu falei em separação. Então, o processo foi bem difícil. Ele dificultou o máximo possível. Inclusive, eu tive que entrar com uma ação cautelar para ele poder sair de casa. Isso foi muito dolorido, para ambas as partes.

 

M: Quando se divorciaram, vocês já tinham uma filha. Como isso influenciou na sua decisão?

O: Na época do divórcio, nossa filha tinha apenas três anos. Apesar de ela, infelizmente, ter assistido algumas discussões, ela queria o pais e a mãe juntos, como todas as crianças querem. Tinha também o meu lado, de querer ter uma família, de não querer dissolver essa família. Então, foi difícil para eu pensar que ia tirar a oportunidade dela de ter um pai junto, de conviver com o pai. Eu não tive essa experiência, já que meu pai faleceu quando eu tinha dois anos de idade. E, aí, eu sempre achei que a convivência do filho com o pai fosse muito importante. Contudo, quando eu vi que ter um pai e uma mãe juntos não significa, necessariamente, a criança estar feliz, eu decidi optar pela separação, mesmo sabendo que ela ia sofrer com isso.

 
M: Como a experiência do divórcio mudou a sua visão sobre o amor?
O: Hoje eu penso que o amor se constrói, muito diferente do que eu pensava antes. Apesar de eu ter casado já com uma experiência muito boa de vida, com 36 para 37 anos de idade, eu achava que o amor acontecia, ou que rapidamente você ia construindo o amor. Hoje eu penso que não. Eu penso que o amor, ou uma boa relação, se constrói a partir de várias coisas que você admira na pessoa.


 

 

AMANDA SOUSA

Por Maria Clara Lourençon

Amanda Sousa é jornalista, e tem 25 anos. Passou pelo primeiro término de um longo namoro. Mais de três anos dividindo a vida com alguém e o ciclo acabou. Amanda decidiu caminhar sozinha desde então. Deixou o namorado, que inicialmente entrou em depressão. Segundo ela, é uma fase da vida. Se passou para ela, vai passar para ele. No momento, não pretende se casar.

ROSEMARY TRIVELATI

Por Minéya Gimenes Fantim

Apesar de estar casada há 20 anos, Rosemary Trivelati está longe de sustentar, até hoje, um relacionamento digno de filmes de contos de fadas. Mesmo admitindo que seu marido seja um grande companheiro, a professora de história tem consciência de que o amor ficou para trás já há algum tempo.

 

Minéya: Como você definiria o amor?

Rosemary: Hoje, eu não sei definir exatamente o que é o amor. Pelo menos para mim. Eu não sei definir. Quando você é jovem, você ama, você tem a sua paixão. Só que, com o tempo, você vai tendo o companheirismo. O que me liga ao meu marido, hoje, é o meu companheirismo. Não é amor. Talvez seja por isso que muitos casamentos acabam.

 

M: O que faz com que o amor se transforme apenas em companheirismo?

R: A convivência. Com 20 anos de casado, você aprende. Quando se é jovem, tudo é bonito, tudo é sexo. Depois, você começa a ver os defeitos daquela pessoa. Você vai passar a conviver com aqueles defeitos. Então, hoje eu conheço os defeitos do meu marido, e ele conhece os meus. Gradualmente, o casamento acaba virando uma rotina.

 

M: Você já teve grandes decepções durante o casamento?

R: Decepções, no meu casamento, não. Mas, se eu for colocar na ponta do lápis, se eu fosse uma pessoa com outros sonhos, eu já teria me divorciado. Só que tem algums coisas que fazem você ficar. Você vai se mantendo no casamento, você tem um filho, você tem uma casa. Tem momentos em que seu companheiro te ajuda nisso, te ajuda naquilo, e por aí vai.

 

M: As diferenças entre os parceiros desgastam o casamento?

R: Muito. Na minha relação, por exemplo, tem momentos em que eu quero ter o meu canto, meu quarto, minha televisão. Por isso, o meu marido acaba vivendo no mundo dele e eu no meu. Então, nós somos muito diferentes. Quando você é jovem, você não percebe. Hoje, eu percebo uma diferença muito grande entre eu e o meu marido. É por isso que muitos casais se divorciam depois de 20, 25 anos de casamento. É aí que você conhece aquela pessoa. Não que você deixou de gostar, só que você passa a saber os defeitos dela.

 
 

 

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